quinta-feira, 13 de março de 2008

Dark City e o 27º Trem Fantasma


por Marcelo Silva

Dark City e o 27º trem fantasma
(Marcelo Silva / Hélio Valadão Júnior)

O trem leva a todos...
Um suspiro na porta dos fundos...
E o prazer não mais satisfaz.

Nem o grande tesouro
Nada mais tem valor
E o besouro da solidão
Decompõe todas as minhas vontades.

“Nas loucuras que sonhei acordado, quando não adormecia nas estações, minha fumaça saltava as nuvens avisando. As comunidades festejavam minhas chegadas. Eu não cansava nas ladeiras, nem temia túneis escuros, nem imaginava que pudesse vir a ter ferrugem nos trilhos.”

O sol se pondo impõe
Que o desejo não volte mais
Porque o prazer não mais satisfaz.

O trem leva a todos
Disseram me traria alguém
Agora espero um anjo
Fúnebre, sinistro e mórbido
Em forma de trem


Quem não gosta de viajar? Viajamos muito, mesmo sem sair do lugar.

Essa música fala da morte, a viagem para o incerto e usa a metáfora do trem para a vida. Trato a vida como um trem, cheio de tudo de que se precisa para viajar e cheio de armadilhas. Muitos são arremessados para fora do trem em direção ao incerto. O desejo do fim da viagem é o desejo pela morte, que é certa, mas que deve esperar que o enredo da vida se complete, o que nem sempre acontece. A morte, então, é um mecanismo de justiça social, que abre novas vagas no trem. Essa música foi um fruto das minhas viagens estudando em Feira de Santana e trabalhando em Itaberaba correndo os riscos das viagens, e vendo acidentes na BR-116. Acaba se configurando um tributo às vidas que ali foram interrompidas e uma reflexão sobre a efemeridade da vida.


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