quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ermo impiedoso


por Luís César Padilha

Não luzem cometas, meteoritos, estrelas... lua... sol... e a trilha tem armadilhas. A matilha espreita. Os leões avançam. E quanto há de crueldade a transformar a cena. Sem as cores, não se vê o corpo sendo transformado, a lágrima ajudando as clemências, as sombras, os rubros. Apenas sons daqui e ali tentam garantir que a verdade ensine o agir. E não garantem. E não ensinam. Quantas palavras convencerão? Não é brincadeira. Tudo o que se sente é puro, verdadeiro. Não há artifícios. Sem cometas, meteoritos... estrelas... lua... sol... não pode ser visto.

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Boas perguntas bobas - O Paradoxo de Olbers


por Marcelo Souza


Quando somos crianças, exercitamos nosso hábito questionador, alimentamos um bichinho dentro de nós que é insaciável chamado curiosidade. Com o passar dos anos, vamos ganhando capacidade de responder perguntas com maior rigor, mas vamos perdendo a capacidade de fazer perguntas, e o bicho da curiosidade geralmente, quando não morre de fome, é subnutrido com ração de conformismos.


Heinrich Olbers, um astrônomo alemão do século XIX, entrou para a história da astronomia com uma pergunta de criança... Por que, à noite, o céu é escuro? Naquela época pensava-se em um universo estático e com infinitas estrelas distribuídas uniformemente sobre o cosmos.


Então a questão é:

A luz apresenta a característica de que cada vez que a distância entre uma fonte de luz e o observador aumenta um certo valor, a intensidade da luz diminui com o quadrado desse valor que a distância aumentou. Também podemos imaginar que se uma camada de estrelas (como uma casca de cebola) situadas a uma determinada distância da terra, o número de estrelas dessa “casca” deveria ser proporcional à área superficial de uma esfera, cujo raio seria a distância entre a terra e esse conjunto de estrelas. Estes dois efeitos se compensariam, o que resultaria em um céu totalmente coberto por estrelas. Ou seja a quantidade de luz que deveria chegar à Terra seria tanto proporcional ao quadrado da distância entre a terra e as estrelas, fontes dessa luz, como inversamente proporcional ao quadrado dessa mesma distância. E, assim, para um universo infinito, o céu seria infinitamente brilhante."


Desde que essa questão foi colocada, ela ocupa os devaneios de astrônomos e filósofos, poetas, curiosos etc. Mas a solução do paradoxo de Olbers, bem como a resposta para alguns outros questionamentos cosmológicos, foi dada pela teoria do BIG BANG. Nesse caso especificamente existem duas questões que devem ser consideradas, a primeira é que o universo tem uma idade limitada, ou seja só a luz de uma quantidade limitada de estrelas teve tempo de nos alcançar, a outra questão é que o universo está em expansão o que promove efeito Doppler na luz (característica observada quando ondas emitidas ou por um objeto que está em movimento com elação ao observador), o que diminuiria seu brilho.


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terça-feira, 17 de novembro de 2009

O broto e o espinho


por Marcelo Souza

É o pé que procura a topada, o sorriso desemboca na cara, é belisco em mão suada, é certeza de tudo de nada. O BROTO NOVO com vida e dor, espreita perdida os caminhos do ar, o simples resolve o que não se diz e todo o complexo a gente deixa pra lá. Menino brincando de ser feliz, só hoje desafia o universo a bailar, esquece do tempo viaja e cai, no mundo sorrido tentando falar:

“Que tanto esperou ser feliz, assim fez algum triste aproveitar, inseguro do futuro em coração vagabundo, solta a capa do medo e vem aproveitar...”

Mas disse o poeta com propriedade: “foi do medo que se fez o homem”. E a morte, silenciosa no seu caminhar, espreita sozinha à minha procura. A delícia loucura que vivo, não cabe em mim e não pode esperar.

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sexta-feira, 13 de novembro de 2009


por Luís César Padilha


Vendaval dissipa quando cansa.


As alvenarias descansam escombros. As águas parecem as lágrimas de tudo. Aço e concreto descasam e constroem outra paisagem que erige estranha. Humanos sentem que deveria ser diferente. Aquele frio passageiro parece interminável. Aquela dor momentânea parece mutilar. As vozes lamentam, correm pelos ecos indignados. Ninguém perguntou as verdades. As fraquezas derrubam as edificações.


Maria Clara menina, na esquina, sorri.


Vendaval dissipa quando cansa.


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