terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Homem movimento




Luís César Padilha

Ele saiu a cem por hora do estacionamento do supermercado, sem imaginar que a avenida estivesse deserta. Queria a curva fechada e a velocidade alta. Seu sonho com gasolina. Combustível da felicidade. Indústria de adrenalina. Poeira no asfalto da avenida. Duzentos por hora em 10 segundos. Laterais em linhas retas, cores inteiras, riscadas. Olhos firmes. Chegada rápida. Fim de gozo. Tontura. Cansaço por ter parado. O homem movimento não quer chegar. Joga video game com carros de corrida. Sonha com cheiro de gasolina e asfalto. Acorda no dois ponto zero soprando vida. E vai zoando. Zoando. Voando. Voando. Até perceber que precisa de asas.

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Hoje voltei para minha casa...





por Marcelo Souza



Hoje voltei para minha casa, eu e minha turma de super-homens normais.

Foram duras jornadas por terras distantes, mas por lá compreendi as dimensões do meu amor.

Mesmo depois das esperanças perdidas, mesmo depois de vidas ceifadas nas batalhas de amar incondicionalmente.

Nossa voz é rouca, é festa, nossos gritos ecoam longe, pois sempre fomos a voz do campeão.

É, e sempre foi tão belo, ser do povo o clamor

Somos poesia popular difícil de ser explicada, pois só pode ser sentida.

Porque somos poesia vibrante, e ninguém, absolutamente ninguém nos vence em vibração

Aquele abraço no desconhecido, as belas lágrimas sempre ameaçam escorrer pela nossa face.

O arrepio que nos provoca os trompetes da nossa sacra canção...

A nossa identidade é paradoxalmente ser igual a todos os nossos.

Todos somos chamados e atendemos pelo nome da nossa paixão.

Mas vamos avante esquadrão vamos para o alto e avante, porque somos vencedores.

A grande beleza de cultura, ser churrasquinho, ser amigo e de ser amores...

E um imenso orgulho de não apenas ser baiano, ser Bahia minha porra.

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A linda soviética


Bonnie Clyde

Penso na linda soviética de Stalingrado ou de Moscou do pós-guerra que mendigava nos becos sujos e arruinados.

Imagino essa garotinha de uma forma romântica e sensível consumindo um pão duro e mofo com selvageria. Nem mesmo a sujeira mais imunda do mundo poderia lhe desembelezar. Ela tá por aí! Não para de nascer, não para de morrer. Seu beijo é sentido quando o sangue jorra.

Linda princesa da destruição, até o vale da morte chora por ti.

Depois de uma grande guerra, ter alguém é o que basta.

Uma suave dor paira pelo mundo e ninguém pode fazer nada, ela faz parte da força cósmica e natural que rege a vida. E o que seria mais triste que uma criança perdida entre ruínas?

Não é fácil fingir que não escutou o choro dos famintos.

Pobre garota, pobre senhora que eu nem mesmo sei quem é. Que só verei em algum sonho perdido que nunca me lembrarei, mas nesse sonho eu poderei abraçá-la e enxugar suas lagrimas.

O amor é a forma mais sábia de ser inteligente.

A linda soviética vai até onde pode ir com suas lágrimas.

A fonte seca, meu amigo, e, por mais que ruas e avenidas sejam batizadas com seu nome, você nunca vai sair do campo de batalha, pois quem cria a guerra sempre será o principal alvo.

Ela vai até onde pode ir com suas lágrimas,

E então a historia segue seu rumo e a linda soviética precisa encontrar um lugar quente e confortável entre os destroços para passar sua última noite.

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domingo, 18 de julho de 2010

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Thaise Nascimento


“A insegurança me toma por inteiro

Minha mente vaga ao desconhecido

Fico no controle com tudo isso

Não me sinto segura para insegurança.


Torno-me triste, pensamentos livres.

Tudo desorganizado, sem apoio.

Sem encosto, sem gosto, só o desgosto.

Desgosto por não ter um porto.


Resta um porto fraco como um barraco

Um barraco que logo cairá

Barraco. Arranco minha dor


Para dizer o que é desgosto

Rasgo meu orgulho, chamo atenção.

Insegurança não é esperança.”


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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Bandeira vermelha


por Marcelo Souza

Sinto que preciso fazer revolução..
Não me falta coragem, juro,
Falta saber como.
Não sei até que ponto fazer o possível é ser reformista.
Sentado no canto de uma sala de taipa,
Franzindo sobrancelhas, inocente da próxima autometamorfose,
De olho no pé da porta,
Sinto o cheiro da resposta.
Mas até que ponto somos lobos ou ovelhas?
É preciso ter unidade,
Pois não somos os únicos a sonhar revolução.
Pensando de sobrancelhas arqueadas,
Como se fosse rezar para São Saramago,
São Galeano, Santo Drummond, São Garcia Márquez.
Mas as respostas para me transformar primeiro...
Estas eu terei que encontrar sozinho.

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sábado, 26 de junho de 2010

Leia, fiz para você!


por Dailson Lacerda


Hoje vou lhe propor um momento diferente. Não vai durar muito tempo, é preciso apenas ter paciência e fazer o que eu te pedir. Tudo o que eu pedir, certo?


Primeiro passo coloque esta música para carregar:

http://www.youtube.com/watch?v=xtnz2O4Chfw

Pode demorar um pouco, se você não tiver paciência não adiantará de nada! Se já tiver esta música, coloque-a no ponto e não comece a escutar ainda. Não assista ao vídeo, apenas escute a música. Tenha calma. Já imaginou quanto tempo já passou de sua vida? Será que você o aproveitou bem?


Comece a escutar a música...Sinta a melodia. Tenha calma. Agora pense em uma pessoa, qualquer uma. Alguém que você ama ou que odeia, que já morreu ou que está longe. Imagine-a do seu lado.


Agora pense em um lugar tranqüilo. No alto de uma montanha, a beira de um rio, na frente do mar! Você está sozinho ou se preferir com a pessoa em que está pensando.


Ouça o vento bater no teu rosto! Sinta a voz que murmura ao teu ouvido!


Relaxe, feche os olhos por alguns instantes e depois os abra lentamente...


Sinta a música! Se não estiver escutando-a não terá sentido ler este texto.


Aposto que a pessoa que você está pensando te ama muito e que a recíproca é verdadeira. Sente sua falta? Ou ela está do seu lado?


Não deixe o tempo passar, agarre-o. A vida é uma comédia sem graça, na qual nascemos chorando e quando vamos embora, deixamos pessoas que nos amam chorando também.


Você já se perguntou quem é você? E o que veio fazer neste mundo? Acho que quer ser feliz pelo menos, não é verdade? E se não é feliz, por que insisti em fingir?


O que te faz bem? Amar, odiar, chorar, sorrir?


Faça isso! A vida é curta para perdermos tempo imaginado a dor! Seja feliz...


The spirit carrie on (E o espírito segue)


Ele seguirá até onde você o guiar! Não deixe outras pessoas fazerem isso por você! Sinta a música! Ela está dentro de você! Agora vai!


A pessoa em que você pensou, está logo aí do seu lado! E ela quer dizer:


“Eu te amo”!


Se a música ainda não terminou, dance-a!


Aproveite, você ainda tem todo o tempo que quiser.


"Coloque seu medos numa caixa, assim como eu fiz. Deixe-os guardados. E quando você abrir a caixa verá. Eles não estarão mais guardados!"

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

A marcha


Marcelo Souza

Ergue-se na madrugada

Veste camisa vermelha

Como se fosse armadura.

É sol de noite inteira

Que aquece lona preta.

Vai a marcha, tomando estrada

Como sangue que toma artéria.

Que os simples derrubem cercas

E por verbos caem valores.

Taças e castiçais de prata

Tem neles seus temores.

Quem veste camisa vermelha

tem sonho que vive ainda

Os punhos cerrados ao alto

Digno, legitimo, não finda.

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