quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A linda soviética


Bonnie Clyde

Penso na linda soviética de Stalingrado ou de Moscou do pós-guerra que mendigava nos becos sujos e arruinados.

Imagino essa garotinha de uma forma romântica e sensível consumindo um pão duro e mofo com selvageria. Nem mesmo a sujeira mais imunda do mundo poderia lhe desembelezar. Ela tá por aí! Não para de nascer, não para de morrer. Seu beijo é sentido quando o sangue jorra.

Linda princesa da destruição, até o vale da morte chora por ti.

Depois de uma grande guerra, ter alguém é o que basta.

Uma suave dor paira pelo mundo e ninguém pode fazer nada, ela faz parte da força cósmica e natural que rege a vida. E o que seria mais triste que uma criança perdida entre ruínas?

Não é fácil fingir que não escutou o choro dos famintos.

Pobre garota, pobre senhora que eu nem mesmo sei quem é. Que só verei em algum sonho perdido que nunca me lembrarei, mas nesse sonho eu poderei abraçá-la e enxugar suas lagrimas.

O amor é a forma mais sábia de ser inteligente.

A linda soviética vai até onde pode ir com suas lágrimas.

A fonte seca, meu amigo, e, por mais que ruas e avenidas sejam batizadas com seu nome, você nunca vai sair do campo de batalha, pois quem cria a guerra sempre será o principal alvo.

Ela vai até onde pode ir com suas lágrimas,

E então a historia segue seu rumo e a linda soviética precisa encontrar um lugar quente e confortável entre os destroços para passar sua última noite.

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