terça-feira, 28 de agosto de 2012

.




por Marcelo Souza

A casa está escura, só entram luzes pelas frestas nas janelas e nos telhados. Contudo, acabo de lustrar as paredes, posso ver nelas o meu reflexo. Eu, como a lua, tenho uma parte indigesta e iluminada, e uma parte sombria e digerível. Quando alguém abrir aquela porta no final do corredor, já estarei saciado, e uma luz mais intensa vai tornar tudo muito claro para meus olhos. Nunca deixei de ser criança, mas agora ficar sozinho não me assusta mais, exceto esta sensação de que meu corpo é pequeno para as minhas ideias e a vida é breve demais para que eu fique aqui sozinho fazendo poesias.

.