terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Homem movimento




Luís César Padilha

Ele saiu a cem por hora do estacionamento do supermercado, sem imaginar que a avenida estivesse deserta. Queria a curva fechada e a velocidade alta. Seu sonho com gasolina. Combustível da felicidade. Indústria de adrenalina. Poeira no asfalto da avenida. Duzentos por hora em 10 segundos. Laterais em linhas retas, cores inteiras, riscadas. Olhos firmes. Chegada rápida. Fim de gozo. Tontura. Cansaço por ter parado. O homem movimento não quer chegar. Joga video game com carros de corrida. Sonha com cheiro de gasolina e asfalto. Acorda no dois ponto zero soprando vida. E vai zoando. Zoando. Voando. Voando. Até perceber que precisa de asas.

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Um comentário:

CENTRO ESPÍRITA JESUS DE NAZARÉ disse...

Gostei do texto e do talento. Subjetividade né pra qualquer um não. Parabéns!