quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Anedota com scotch no gabinete



por Luís César Padilha

Quando os primeiros raios solares o iluminaram, ele era o mesmo operário implorando um olhar. Dedicar-se sempre foi obrigação. Contentamento é estabilidade no emprego. Sempre fez jus a elogios. A única atenção foi por erro de inexperiência.

Quando os primeiros vales credores o especularam, ele era o mesmo operário tateando tecidos. As horas consomem. Dores do agora. O talvez do amanhã é agouro do outro. A mesma biografia de outrora em nova geografia. O limpo se faz inútil. O ser do ser perece frente ao crer no ter. O homem tem que ser máquina.

Quando os primeiros ares de revolução o contaminaram, ele era o mesmo operário implorando por um ouvir. Debates. Leituras. Conjecturas. Leituras. Ações, enfrentamentos. Subversões. Quanto mais seu discurso se tornava original, era mais perigoso, era mais importante. Prescindível. Fundamental. Mudança isolada é loucura social.

Quando os primeiros lapsos de confiança o impregnaram,, ele era um operário farejando soluções. O conforto mutila a classe. A luta camufla a farsa. O direito é piso falso. O discurso coletivo não convence. As conquistas pessoais são poderosas. E não há mais.

Quando os primeiros golpes de traição o atingiram, ele era um ex-operário implorando sabores. A consciência provoca isolamento. O único discurso indefectível da pecúnia. Incontestável. O cruel lado oposto é ladeira abaixo. Verdade ilógica nos canais de comunicação! Loucura sábia sob os viadutos!

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