sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Dor de visionária


O trecho a seguir foi extraído do livro Santo Antônio de Jesus, sua gente e suas origens de autoria de Hélio Valadão.

"... dia 11 de dezembro de 1998, às 11 horas e 45 minutos aconteceu a maior tragédia de todos os tempos em Santo Antônio de Jesus e, segundo comentaristas da televisão, o maior acidente com fogos acontecido no país.

Dessa vez o estampido foi muito mais forte, ouvido até nas cidades mais próximas. Toda a população ficou alarmada e correu para o bairro de Juerana, próximo ao local onde acontecera a explosão. O número de feridos foi tão grande que ocupou o hospital local, os hospitais públicos de Salvador e, ainda, o Governo teve de pedir auxílio aos médicos dos hospitais particulares. Os corpos eram transportados aos montes a toda velocidade para a capital. O governo foi omisso todo o tempo. Depois que ocorreu a tragédia ele foi extraordinário, cumpriu seu dever. Mas, apesar da sua eficiência em socorro às vítimas, faleceram 64 mulheres, entre as quais 25 menores de dezesseis anos, uma delas estava grávida. Os médicos conseguiram salvar a criança. Um jovem apresentou-se como seu pai. Exigiram-lhe um exame de DNA que confirmou a sua paternidade. Sabe-se que pai e filha residem hoje na ilha de Itaparica e que ela foi batizada com o nome "Vitória".

[...]

Coincidência, uma das vítimas, Fabiana Santos Rocha, menina de 14 anos que faleceu juntamente com suas duas irmãs, Adriana e Mônica, iria crismar-se no domingo vindouro e algumas semanas antes da morte ela escreveu a seguinte poesia:



Quando eu me chamar saudade

Sei que amanhã, quando eu morrer,
os meus amigos vão dizer que eu tinha
um bom coração.
Alguns vão chorar e me homenagear.
Mas, depois que o tempo passar,
nem vão se lembrar que eu fui embora.

Por isso eu penso assim:
Se alguém tem algo a fazer por mim,
que o faça agora.
Dê-me flores em vida, carinho e
mão amiga para aliviar meus "ais".
Porque, depois que eu for embora, me
chamarei "saudade", não preciso de
vaidade, quero paz e nada mais."

Um comentário:

Anônimo disse...

É Brutal a forma que esses fascistas que nos governam trocam nossas por votos, luzes, chamadas na tv, somos vistos apenas como massa que serve para referendar a dominação destes sobre nós, e o governo muda mas o radical é o mesmo, a Fonte nova que o diga...

-Lastimável, diz o poeta.
Preferiria perder os lapis para não escrever...
Gritaria!
Preferia perder a voz para não gritar...
Pintaria!
Preferia perder as mãos para não pintar...
Morreria.
E assim mataria de angustia outro poeta que só quer viver livre e em paz.