sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quatro cantos de sonhos invioláveis


por Luís César Padilha

Novas circunstâncias entortam as pautas. O novo enredo é velho tormento. As chegadas me esvaziam. Quanto devo ser, enquanto me desentender, está proporcional ao que vou fazer no meu mundo e no mundo do outrem.


Os sonhos iniciados nos segredos de um olhar ao nada não são vividos isoladamente. Os sonhos não são tortos.

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Na fuga dos espinhos, a rosa se chocou com a mão. De pétala em pétala, tentando resistir, ela se transformou em gotas de um vinho acre. Assim atraiu o desejo. Assim fez cair em riso pueril. Fatal. Fetal.

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Sopraram fragrâncias para cá. Busquei em sóis e luas, em flores e corpos, em sombras e acasos... Só pude encontrar comigo. E nem tentei me esconder de mim. Foram os passos, os traços, as graças que me impuseram uma via. Caminho. Vou. Estarei. Mais algumas luas, entenderei. Mais alguns flagrantes, reiniciarei.

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Os encontros explodem em coincidências, acasos e destinos. Quem não sonhou perdeu seu compasso. Quem não reuniu perdeu-se do mundo. Quem não se isolou perdeu-se de si. E não esteve em um dos quatro cantos gritados na estrofe.

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