quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mal instável ronda nosso afastamento


por Marcelo Souza

Ela é caminho e canteiro
é cravo e seu cheiro,
é pedaço de paisagem, é poente inteiro.
Menina do sertão,
aquela que nunca antes
tivera visto tanto verde.
Encanta o vento que sopra maneiro,
que é companheiro em toda madrugada.
Feito avesso à revoada,
voou para o frio, suor e medo.
Em quais segredos que não foram feitas toadas,
perto dela as angústias parecem atenuadas,
tudo é santo e natural, eterno e ligeiro.

E até a água que representa vitalidade
Quis ser maior parte no seu ser,
ser mais vida no que já é vida,
reafirmando uma divindade elementar
e, diante dessa emoção,
a água foi-se, por desatenção,
pôr em seu órgão de pensar,
arriscando a razão de muita alegria,
sua existência, dádiva natural.

Assim, o que era apenas pedra no canteiro,
sente frio nos pés como quem perde um pedaço.
Sinto a culpa pois não te dei aquele abraço
E, mesmo se desse, jamais ele seria,
nem mesmo de longe, como um grande passo
de celebrar a novidade, esse desabafo
de estais viva mais esse dia.

Marcelo 10/11/2008

4 comentários:

Anônimo disse...

Que perfeição...
O autor escreve exaltando a natureza de uma forma suave e completa.
Achei um belíssimo texto.

Will Andrade disse...

Eu encontro duas situações para a abordagem do poema, ambas relacionadas à idéia de partida:
uma, refere-se sobre deixar o próprio lugar, onde há uma identidade forte com o ser, e se expondo a novas situações na vida;
A outra, também referente ao distanciamento, tem mais a ver com um contexto particular vivenciado pelo próprio eu lírico e por mim também, há um tempo atrás...

Ágabo disse...

Show...
Isso...
Talvez a possoa amada tenha morrido...e o eu lirico se culpa talvez por até nao ter dado tanto valor quanto ela merecia...aeww...num sei naum eim...isso eh o q eu acho...e perdoa pelos erros...

Paulo disse...

Bom eu fico um pouco com a idéia de Uilson e com a idéia de binho...!!!
Muito show..sem comentários!!!