sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

As Luzes dos vaga-lumes II


(Marcelo Silva)


No instante posterior a sua formação, o universo conteria luz e partículas elementares...


Hoje é dia de ir ver a luz

O medo?
É, existe medo...
Pois, a minha companheira sombra me deseja.
Curioso é: Eu desejo a sombra, mas também desejo a luz.

Salto pelas Janelas e caio nos jardins
Junto às flores coloridas que não foram feitas para você
Nem você é para mim.
E a lua ainda é lua cheia
Quero sua luz que permeia as paredes
Que profetiza a dor e a sede
Reconhece o princípio e o fim.

Hoje decidi ver a luz
Mas ela virá até aqui
Mais rápido que qualquer pensamento
Maior que o mar e o vento
Somos Luzes de lua assim!


Caminho da roça

Caminhado na escuridão
Junto à cerca pra não perder o rumo
Passo
Tão efêmero
Passo
Tão curto
Laço
Tão bruto
Abraço
Peço
Acesso
Espaço.
Viajo a idéia bateu
Não paro nem vejo
Nem respondo ainda
Quem sou eu
Apagaram-se os últimos vaga-lumes.


A rosa do momento (é cor sem luz)

Perdi
Em um bosque escuro
O meu eu impuro
Que chamam de espírito.

Andei
Com tantas bolhas no pé,
Perdi também a fé
Em mim - só um delito.

Vi
A morte estava perto,
As árvores num cortejo funesto
Eu quase estive morto.

Acabei
Na lama da dúvida eterna
Sobre a sabedoria interna
Com sanguessugas lotando meu corpo.


O espetáculo

São os passos para o fundo do quintal
Onde as lágrimas festejam a fuga da prisão que é o corpo
E a liberdade é encontrada se vaporizando no ar.

Lá no fundo o brejo é frio e umedecido pela lágrima
Mas a alegria reina e começa o espetáculo
As rãs e cigarras fazem o fundo musical
Em sua dança os vaga-lumes pulsam como dedos apertados na porta
E saem de cena um a um, pela bengala da língua do sapo
Sem que haja um funeral.

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