Luís César Padilha
Marcha das vadias, da maconha, do
homo-amor, dos religiosos, das etnias, contra Belo Monte. Estudantes na rua.
Usuários de transporte coletivo urbano na rua. O brasileiro está reaprendendo a
protestar. Depois de incontáveis minutos de silêncio, ressurge a voz do brasileiro
rebelde, que não obedecia a ordem de silêncio e o toque de recolher dos
dominadores.
A ditadura militar da década de
60 motivou o brasileiro a lutar por seus
anseios. Inspirados por ideais, cultivavam o sonho de organizar o país em torno
de propostas políticas populares, visando, antes, a atender as necessidades
básicas da população, como objetivo maior de tornar o Brasil um país imponente
em termos humanitários. As ideias marxistas que contornavam esses protestos sucumbiram.
A força dos militares torturou, matou e amedrontou o Brasileiro. Silenciou-o.
Anistia. Anti-tortura. Pacifismo,
pacificidade. Passividade. As propostas políticas atenderam ao capital, aos
grandes investidores internacionais, multinacionais. As necessidades básicas da
população nunca foram atendidas. Poucos tentaram reativar gritos de insatisfação
e tiveram seus discursos reprimidos. Poucos tentaram conscientizar e foram
relegados ao papel de loucos.
Meio século. O Brasileiro está de
volta. Ainda são poucos, mas estamos vendo Brasileiros. Os olhos do mundo se
voltam pra cá. Os nossos olhos se voltam pra nós. Os R$3,20 que não é
significativo para os grandes investidores internacionais, para os donos das
empresas de transporte coletivo, para deputados, etc, fazem o povo apedrejar o momento,
sob bombas e projéteis. A população está insatisfeita.
O efeito imoral, amoral de tudo é
que os protetores do poder estão reaprendendo a reprimir. Povo contra povo.
Pobre contra pobre. Os policiais militares dizem que pra manter a ordem reagem.
Eles pagam os R$3,20, mas obedecem. Engrandecem e enaltecem o discurso dos
poderosos. As bombas que atiram se voltam contra eles. Tiro no pé.
Os poucos têm que ser muitos. De
fora é mais tranquilo. Ser contra é mais confortável. Entrar é mais digno.
Quantos meio século ainda serão necessários para a revolução? Educação em nível
inferior. Saúde moribunda. A situação continua má. Não haverá mudança para quem
insistir em esperar. Quem cala consente. Quem não cala não pode ser condenado.
.
Um comentário:
Excelente texto.
Postar um comentário