quarta-feira, 12 de junho de 2013

Grito contra o silêncio




Luís César Padilha

Marcha das vadias, da maconha, do homo-amor, dos religiosos, das etnias, contra Belo Monte. Estudantes na rua. Usuários de transporte coletivo urbano na rua. O brasileiro está reaprendendo a protestar. Depois de incontáveis minutos de silêncio, ressurge a voz do brasileiro rebelde, que não obedecia a ordem de silêncio e o toque de recolher dos dominadores.

A ditadura militar da década de 60  motivou o brasileiro a lutar por seus anseios. Inspirados por ideais, cultivavam o sonho de organizar o país em torno de propostas políticas populares, visando, antes, a atender as necessidades básicas da população, como objetivo maior de tornar o Brasil um país imponente em termos humanitários. As ideias marxistas que contornavam esses protestos sucumbiram. A força dos militares torturou, matou e amedrontou o Brasileiro. Silenciou-o.

Anistia. Anti-tortura. Pacifismo, pacificidade. Passividade. As propostas políticas atenderam ao capital, aos grandes investidores internacionais, multinacionais. As necessidades básicas da população nunca foram atendidas. Poucos tentaram reativar gritos de insatisfação e tiveram seus discursos reprimidos. Poucos tentaram conscientizar e foram relegados ao papel de loucos.

Meio século. O Brasileiro está de volta. Ainda são poucos, mas estamos vendo Brasileiros. Os olhos do mundo se voltam pra cá. Os nossos olhos se voltam pra nós. Os R$3,20 que não é significativo para os grandes investidores internacionais, para os donos das empresas de transporte coletivo, para deputados, etc, fazem o povo apedrejar o momento, sob bombas e projéteis. A população está insatisfeita.

O efeito imoral, amoral de tudo é que os protetores do poder estão reaprendendo a reprimir. Povo contra povo. Pobre contra pobre. Os policiais militares dizem que pra manter a ordem reagem. Eles pagam os R$3,20, mas obedecem. Engrandecem e enaltecem o discurso dos poderosos. As bombas que atiram se voltam contra eles. Tiro no pé.

Os poucos têm que ser muitos. De fora é mais tranquilo. Ser contra é mais confortável. Entrar é mais digno. Quantos meio século ainda serão necessários para a revolução? Educação em nível inferior. Saúde moribunda. A situação continua má. Não haverá mudança para quem insistir em esperar. Quem cala consente. Quem não cala não pode ser condenado.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente texto.